CONHEÇA MELHOR O HTLV-1
Os vírus HTLV-1 e HTLV-2 foram os primeiros retrovírus humanos identificados. O HTLV-1 foi isolado em 19801 e o HTLV-2 em 19821 sendo que o primeiro de uma linhagem de células linfoblastóides provenientes de um paciente com linfoma cutâneo de células T e o segundo, de células obtidas de paciente com tricoleucemia.2 Estes vírus pertencem à família Retroviridae, subfamília Orthoretroviridae e ao gênero Deltaretrovírus.3 Embora da mesma família são distintos em relação a sua caracterização biológica e molecular.1
O HTLV pode ser transmitido por via vertical principalmente, pelo aleitamento materno e por via horizontal através de relações sexuais e transfusões sanguíneas.5 Esta infecção se caracteriza, também, por atingir, predominantemente, indivíduos de baixa renda, preferencialmente mulheres e aumenta com a idade.7,18
A maioria dos portadores de HTLV-1 permanece assintomática por toda a vida, não desenvolvendo qualquer tipo de patologia. No entanto, cerca de 5% dos indivíduos infectados desenvolvem graves patologias.
8,9
As doenças mais importantes associadas ao HTLV-1 são a leucemia/linfoma de células T do adulto (LlcTA) ,19 a paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1 (HAM/TSP) 20 e as uveítes (HAU) 21 Outras doenças oculares associadas ao HTLV-1 são as ceratoconjuntivites sicca,22,23 as opacidades corneanas e as vasculites retinianas.24 No entanto, cada vez mais se observa que a infecção causada por este vírus é sistêmica, evoluindo para o conceito de síndrome.24 Outras manifestações clínicas como artrites,25 dermatite infectiva em crianças,26 poliomiosites,27 micose fungóide,28 síndrome de Sjögren’s são igualmente associadas à infecção pelo HTLV-1. 20
No
Brasil,
este
vírus
está
disseminado
em
todo
território
nacional 29 e estima-se que existam cerca de um milhão de pessoas infectadas.29 Salvador, Bahia é a cidade que apresenta a mais elevada prevalência desta infecção.30 Nesta cidade, com 2% da população infectada, estima-se que cerca de 50 mil pessoas estejam vivendo com este vírus.30 Em um estudo de base populacional com amostra constituída de 1385 indivíduos de várias faixas etárias envolveu 58% de mulheres,19,30 a prevalência nos homens e nas mulheres foi de 1,2% e de 2%, respectivamente.30 Observou-se
aumento
significativo
desta
prevalência
conforme
o
aumento
da
idade,
atingindo
um
valor
de
9%
nas
mulheres
acima
de
51
anos. 19 Estudos em gestantes, na mesma cidade, demonstraram uma prevalência de cerca de 1,0%.19,30
Disfunções biomecânicas e sensoriais em portadores de HAM/TSP
Em portadores de HAM/TSP observa-se alterações biomecânicas, funcionais e sensoriais, caracterizando-se por diminuição da força muscular da cintura pélvica e dos membros inferiores, distúrbios na marcha, aumento no grau de espasticidade, hipertonia, encurtamento muscular e hipomobilidade articular, predispondo estes indivíduos a anormalidades posturais e dor, o que afeta sua qualidade de vida.10,11 Esses pacientes apresentam disfunções musculares associadas à dor lombar crônica – hipoatividade
dos
músculos
profundos,
establilizadores locais, associada à hiperatividade dos superficiais, mobilizadores globais, que é mais marcada ainda pela presença da espasticidade.11 Vários trabalhos já estudaram a relação dor-ativação muscular,
12,13,14 e a instabilidade lombar é considerada, por alguns autores, como a
perda
da
habilidade
da
coluna
espinhal
em
manter
os
padrões
de
deslocamento
intervertebral dentro dos limites fisiológicos, sem apresentar déficit neurológico, deformidades e dor incapacitante.,31
Há
evidências
de
que
quanto
maior
o
controle
sobre
uma
região,
melhor
será
o
controle
da
dor.31,32 Por
isso,
melhorar
o
controle
motor
pode
levar
ao
controle
da
dor.31,32 Os
pacientes
com
lombalgia
têm
um
controle
motor
deficiente,
com
diminuição
da
atividade
dos
músculos
profundos,
incluindo
multífidios
e
transverso
do
abdômen
e
aumento
da
atividade
dos
superficiais
(quadrado
lombar,
eretores
superficiais
da
coluna
e
isquiotibiais). Com
isto,
as
articulações
da
região
lombar
são
sobrecarregadas durante o movimento e podem acarretar inflamação e dor.32,33 Além disso, os músculos superficiais são fásicos e pouco resistentes à fadiga, então, quando contraídos de forma mantida para sustentar a coluna, podem causar fadiga e algias na coluna lombar, falta de oxigênio, podendo formar pontos dolorosos - pontos gatilhos.32,33 Exercitar os músculos profundos pode, então, restabelecer este equilíbrio e diminuir a dor.34
Exercitar implica em mover o corpo dentro de tarefas e demandas específicas. Quando um paciente tem dor, pode desenvolver simultaneamente um comportamento de medo, tentando evitar a realização de alguns movimentos que agravam esta dor (cinesiofobia).24,32 Isto é um fator psicológico muito importante, pois determina a inibição de músculos relacionados com a região dolorida e é o principal fator de cronificação
da
dor,
gerando
uma
síndrome
de
descondicionamento que é muito comum na lombalgia.24
(Exercícios do método Pilates na lombalgia e qualidade de vida de pacientes com HTLV-1: Um ensaio clínico cruzado e randomizado. Borges, Jaqueline, 2012)
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