segunda-feira, 1 de julho de 2013

CONHEÇA MELHOR O HTLV-1


Os vírus HTLV-1 e HTLV-2 foram os primeiros retrovírus humanos identificados. O HTLV-1 foi isolado em 19801 e o HTLV-2 em 19821 sendo que o primeiro de uma linhagem de células linfoblastóides provenientes de um paciente com linfoma cutâneo de células T e o segundo, de células obtidas de paciente com tricoleucemia.2  Estes vírus pertencem à família Retroviridae, subfamília Orthoretroviridae e ao gênero Deltaretrovírus.3 Embora da mesma família são distintos em relação a sua caracterização biológica e molecular.1

O HTLV pode ser transmitido por via vertical principalmente, pelo aleitamento materno e por via horizontal através de relações sexuais e transfusões sanguíneas.5 Esta infecção se caracteriza, também, por atingir, predominantemente, indivíduos de baixa renda, preferencialmente mulheres e aumenta com a idade.7,18

A maioria dos portadores de HTLV-1 permanece assintomática por toda a vida, não desenvolvendo qualquer tipo de patologia. No entanto, cerca de 5% dos indivíduos infectados desenvolvem graves patologias. 8,9

As doenças mais importantes associadas ao HTLV-1 são a leucemia/linfoma de células T do adulto (LlcTA) ,19 a paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1 (HAM/TSP) 20 e as uveítes (HAU) 21 Outras doenças oculares associadas ao HTLV-1 são as ceratoconjuntivites sicca,22,23 as opacidades corneanas e as vasculites retinianas.24  No entanto, cada vez mais se observa que a infecção causada por este vírus é sistêmica, evoluindo para o conceito de síndrome.24 Outras manifestações clínicas como artrites,25 dermatite infectiva em crianças,26 poliomiosites,27 micose fungóide,28 síndrome de Sjögrens são igualmente associadas à infecção pelo HTLV-1. 20



No Brasil, este vírus está disseminado em todo território nacional 29 e estima-se que existam cerca de um milhão de pessoas infectadas.29  Salvador, Bahia é a cidade que apresenta a mais elevada prevalência desta infecção.30  Nesta cidade, com 2% da população infectada, estima-se que cerca de 50 mil pessoas estejam vivendo com este vírus.30 Em um estudo de base populacional com amostra constituída de 1385 indivíduos de várias faixas etárias envolveu 58% de mulheres,19,30 a prevalência nos homens e nas mulheres foi de 1,2% e de 2%, respectivamente.30  Observou-se aumento significativo desta prevalência conforme o aumento da idade, atingindo um valor de 9% nas mulheres acima de 51 anos. 19 Estudos em gestantes, na mesma cidade, demonstraram uma prevalência de cerca de 1,0%.19,30

Disfunções biomecânicas e sensoriais em portadores de HAM/TSP


Em portadores de HAM/TSP observa-se alterações biomecânicas, funcionais e sensoriais, caracterizando-se por diminuição da força muscular da cintura pélvica e dos membros inferiores, distúrbios na marcha, aumento no grau de espasticidade, hipertonia, encurtamento muscular e hipomobilidade articular, predispondo estes indivíduos a anormalidades posturais e dor, o que afeta sua qualidade de vida.10,11 Esses pacientes apresentam disfunções musculares associadas à dor lombar crônicahipoatividade dos músculos profundos, establilizadores locais, associada à hiperatividade dos superficiais, mobilizadores globais, que é mais marcada ainda pela presença da espasticidade.11 Vários trabalhos estudaram a relação dor-ativação muscular, 12,13,14 e a instabilidade lombar é considerada, por alguns autores, como a perda da habilidade da coluna espinhal em manter os padrões de deslocamento intervertebral dentro dos limites fisiológicos, sem apresentar déficit neurológico, deformidades e dor incapacitante.,31
evidências de que quanto maior o controle sobre uma região, melhor será o controle da dor.31,32  Por isso, melhorar o controle motor pode levar ao controle da dor.31,32  Os pacientes com lombalgia têm um controle motor deficiente, com diminuição da atividade dos músculos profundos, incluindo multífidios e transverso do abdômen e aumento da atividade dos superficiais (quadrado lombar, eretores superficiais da coluna e isquiotibiais).  Com isto, as articulações da região lombar são sobrecarregadas durante o movimento e podem acarretar inflamação e dor.32,33 Além disso, os músculos superficiais são fásicos e pouco resistentes à fadiga, então, quando contraídos de forma mantida para sustentar a coluna, podem causar fadiga e algias na coluna lombar, falta de oxigênio, podendo formar pontos dolorosos - pontos gatilhos.32,33 Exercitar os músculos profundos pode, então, restabelecer este equilíbrio e diminuir a dor.34
Exercitar implica em mover o corpo dentro de tarefas e demandas específicas.  Quando um paciente tem dor, pode desenvolver simultaneamente um comportamento de medo, tentando evitar a realização de alguns movimentos que agravam esta dor (cinesiofobia).24,32 Isto é um fator psicológico muito importante, pois determina a inibição de músculos relacionados com a região dolorida e é o principal fator de cronificação da dor, gerando uma síndrome de descondicionamento que é muito comum na lombalgia.24

(Exercícios do método Pilates na lombalgia e qualidade de vida de pacientes com HTLV-1: Um ensaio clínico cruzado e randomizado. Borges, Jaqueline, 2012)

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