Método Pilates impacta na qualidade de vida de pacientes com HTLV-1
Focada na qualidade de vida das pessoas diagnosticadas com HTLV-1, a dançarina, professora de pilates e proprietária do Atelier de Pilates, Jaqueline Borges, desenvolveu sua dissertação de mestrado no tema. O primeiro mérito da dançarina foi reunir os argumentos necessários para convencer a equipe especializada da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública e conquistar a oportunidade de desenvolver a sua tese.
O
segundo foi trazer para dentro do fechado circulo da saúde uma forma
alternativa e menos medicamentosa para tratar a lombalgia (dor na região lombar
da coluna) – sintoma que prevalece em pacientes com HAM/TSP e normalmente é
tratada com analgésicos. “O Método Pilates vem se destacando como um programa
de promoção da saúde que apresenta benefícios físicos e mentais para pessoas que
sofrem de lombalgia crônica”, diz Jaqueline no texto introdutório de sua
dissertação.
Estaremos publicando aqui neste blog trechos da dissertação de Jaqueline com o intuito de levar este conhecimento a público.
IMPACTOS DO HTLV -1 NA SAÚDE
Os vírus HTLV-1 e HTLV-2 foram os primeiros retrovírus humanos identificados. Estes vírus pertencem à família Retroviridae, subfamília Orthoretroviridae e ao gênero Deltaretrovírus.1 O HTLV-1 apresenta distribuição mundial, com cerca de 20 milhões de pessoas infectadas e ocorre, mais freqüentemente, em determinadas regiões geográficas.2,3 Este vírus é altamente endêmico em algumas regiões do mundo como a África, o Japão, Malásia, Ilhas Caribenhas, América Central e América Latina.3,4 No Brasil, a cidade de Salvador apresenta a maior prevalência de casos.5
Cerca de 5% dos indivíduos infectados desenvolvem graves patologias. 6,7 Dentre as manifestações clínicas encontradas, a paraparesia espástica tropical associado ao HTLV-1 (HAM/TSP) é a que mais interfere na qualidade de vida do portador de HTLV devido às manifestações neurológicas,8 tais como HAM/TSP que acomete, principalmente, indivíduos do sexo feminino, com idade entre 35 a 49 anos, evolui lenta e progressivamente, com diminuição da força muscular e dores dos membros inferiores, alterações do sistema urinário (retenção ou incontinência urinária), constipação intestinal, diminuição da libido e disfunção erétil. Após um período de dez anos, a partir da instalação da HAM/TSP, cerca de 30% dos pacientes desenvolvem paraplegia.9
Em portadores de HAM/TSP observa-se alterações biomecânicas, funcionais e sensoriais, caracterizando-se por diminuição da força muscular da cintura pélvica e dos membros inferiores, dor lombar, distúrbios na marcha, espasticidade, encurtamento muscular e/ou hipomobilidade articular, predispondo estes indivíduos à anormalidades posturais e dor, o que afeta sua qualidade de vida.10
A lombalgia é a dor mais prevalente em pacientes com HAM/TSP.10 Esta
dor
está
associada a
disfunções musculares, como
hipoatividade dos
músculos profundos establilizadores locais, à hiperatividade dos músculos superficiais e mobilizadores globais, que é ainda mais marcada na presença da espasticidade.11 O método Pilates pode ajudar no incremento das funções fisiológicas, psicológicas e no aprendizado da postura funcional e de padrões motores adequados, podendo ser útil para esses pacientes.11,12 Este método se baseia na concentração da atenção em detalhes do movimento, no controle motor de grupos musculares específicos, especialmente o do centro de força (Power House) formado pela musculatura que envolve o complexo “lombar-pelve-abdome-períneo-quadril.12 Esta abordagem pode ser útil para portadores de HAM-TSP que sofrem de lombalgia associados a desvios posturais e instabilidade lombo-pélvica.
9,12
Trabalhos prévios abordando recuperação funcional envolvendo pacientes portadores de outras doenças que cursam com sintomas semelhantes aos da HAM-TSP, apontam para os benefícios de um programa de exercícios terapêuticos específicos,13,14,15, 16,17 sugerindo
que um programa baseado no Método Pilates pode ser útil para pacientes com lombalgia associada ao HAM/TSP.
